Refutando o Artigo Neoiluminista: Hoppe Ainda Reina Supremo

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Refutando o Artigo Neoiluminista: Hoppe Ainda Reina Supremo

O chamado “ataque neoiluminista” à ética da argumentação de Hans-Hermann Hoppe soa ousado, é bem arrogante da parte deles. Eles tentam desconstruir as bases do pensamento hoppeano, classificando-o como um castelo erguido em terreno instável. O veredito deles: Hoppe seria apenas um truque retórico travestido de filosofia. O meu veredito? Um tiro que ricocheteia. A crítica parece sofisticada, mas tropeça exatamente onde mais queria brilhar: na lógica que acusa o adversário de não possuir.

O que o artigo afirma — e onde se perde

Os autores reduzem Hoppe a três premissas:

  1. Toda ética precisa de argumentos racionais para ser válida.
    Crítica: racionalidade não requer necessariamente argumentação formal, pode ser só um grito ou uma proclamação.
  2. Argumentar pressupõe autopropriedade e não-agressão.
    Crítica: não-agressão seria apenas uma convenção prática, não uma lei universal; dá pra argumentar até com uma arma em punho.
  3. Negar autopropriedade gera contradição performativa.
    Crítica: isso só faria sentido num dualismo simplório (eu versus corpo), e o dualismo inevitavelmente leva a regressos infinitos. No monismo, a noção de autopropriedade simplesmente não se sustenta.

Na visão deles, Hoppe implode sob seu próprio peso. Parece convincente… mas só se ignorarmos o que Hoppe realmente está fazendo.

Premissa 1: o grito não basta

“Não mate!”, dizem os críticos, também é um ato racional. Será? Racional, sim. Justificado, não. Hoppe não trata de soltar palavras ao vento, mas de justificação intersubjetiva de normas éticas. Uma regra ética só se firma quando pode ser defendida diante de outros, e essa defesa exige argumentação. O próprio gesto de contestar Hoppe já é uma confissão tácita: o crítico utiliza corpo, linguagem e raciocínio em uma ação que só faz sentido se assume controle sobre si mesmo.

Paradoxo: ao tentar invalidar Hoppe, o neoiluminista reforça o hoppeanismo. Ele não percebe que está provando, na prática, aquilo que nega na teoria.

Premissa 2: coerção não é debate

“Posso argumentar e ameaçar ao mesmo tempo”, dizem. Não. Isso não é argumentar; é suprimir a própria possibilidade de diálogo. Argumentação, em Hoppe, não é um barulho qualquer; é ação racional num mundo de recursos escassos. Para que dois indivíduos debatam, é necessário que cada um reconheça o controle do outro sobre o próprio corpo. Caso contrário, não existe troca de razões, existe apenas violência.

Essa é a chave: não-agressão não é uma sugestão bonitinha, é a condição mínima de existência do ato argumentativo. Quando entra a faca, sai a razão.

Premissa 3: autopropriedade não é metafísica barata

O golpe final dos críticos seria o suposto dualismo. “Se você é dono do corpo, então quem é dono do dono? E do dono do dono?” Uma cadeia infinita. Parece sagaz, mas não passa de caricatura.

Hoppe não constrói metafísica, mas praxeologia. Ele observa: quem argumenta, age como se tivesse controle exclusivo do próprio corpo. Independentemente de dualismo ou monismo, é isso que ocorre na prática. Você fala, escreve, articula e espera que o outro não lhe silencie à força. Negar essa autopropriedade enquanto se argumenta equivale a desmentir-se no ato mesmo de falar. É contradição performativa, não especulação ontológica.

Por que os neoiluministas fracassam

A crítica tenta demolir Hoppe no terreno da lógica formal, mas ignora que Hoppe está alguns degraus acima: opera na praxeologia transcendental. Eles o acusam de fragilidade conceitual, mas só conseguem fazê-lo produzindo textos, debates e raciocínios que já pressupõem autopropriedade e não-agressão. O gesto que nega é o mesmo que confirma.

Em última instância, o artigo não destrói Hoppe; destrói apenas uma caricatura dele. Enquanto isso, Hoppe permanece de pé, não porque se esconde em abstrações inalcançáveis, mas porque quem tenta derrubá-lo já entrou no jogo hoppeano sem perceber.

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